SONHOS...
Sonhei que era a tua amante querida,
a tua amante feliz e invejada;
Sonhei que tinha uma casita branca
à beira dum regato edificada...
Tu vinhas ver-me misteriosamente,
a horas mortas quando a terra é monge
que reza. Eu sentia doidamente,
bater o coração quando de longe
Te ouvia os passos. E anelante,
estava nos teus braços num instante,
fitando com amor os olhos teus!
E, ve tu, meu encanto, a doce mágoa:
Acordei com os olhos rasos de água,
ouvindo a tua voz num longo adeus!
(Florbela Espanca)
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